EMPAPELAMENTO
EUNICE COPPI
A mineira joseense
Eunice é mineira, nascida em Sabará e vive na cidade de São José dos Campos desde que tinha cerca de 12 anos. Depois de tantos anos e vivências na cidade, se considera uma joseense de coração.
Suas peças possuem uma forte relação com a infância passada em Minas Gerais e as raízes negras. Criada por sua avó, Eunice cresceu em um quintal repleto de árvores, hortas, córregos, pescas, músicas e brincadeiras. Quando criança, produzia os próprios brinquedos com materiais que estavam disponíveis no entorno, o que fazia com que sua criatividade aflorasse desde muito nova.
A criatividade pulsa
O barro era uma fonte inesgotável para as brincadeiras. Enquanto outras crianças modelavam panelas e utensílios, Eunice desejava fazer bonecos inspirados no Bloco de Carnaval “Mundo Velho”, de Sabará. Logo na infância, já sentia a necessidade de se expressar modelando.
Com o passar dos anos e vinda para o Vale do Paraíba, o barro, junto com as tintas, continuavam sendo matérias-primas para suas obras. Representando personagens que compunham várias de suas lembranças, a partir das memórias, a artista (re)criava sua identidade em esculturas e pinturas.
A chegada do papel
Em determinado período, Eunice começa a ter contato com o papel e transforma seus processos artísticos e técnicas, criando obras que compõem atualmente um acervo com mais de 2 mil peças. A temática varia entre os conhecidos personagens, cenas, manifestações e criações, compostas por uma inspiração que parece não ter fim.
Mais do que uma artista popular, Eunice Coppi é uma contadora de histórias, que faz da vida sua inspiração, do papel sua voz e da goma sua memória.
A técnica de empapelamento
Eunice aplica a técnica de empapelamento, usando goma feita com água e polvilho azedo. Embebeda diversos tipos de papéis, transformando em rolete ou amassando. A partir de camadas, modela as peças e depois pinta com tinta látex e verniz.
Durante a feitura dessas camadas, é necessário que cada uma esteja devidamente seca para começar a outra, tornando, assim, o processo demorado. Algumas peças chegam a levar meses para chegar ao final de todas as etapas.
O ateliê de Eunice é caracterizado por diversas obras dispostas pelos cômodos. Além das esculturas em papel, também é possível encontrar pinturas, máscaras, peças em barro e uma quantidade significativa de plantas! Um lugar acolhedor que pulsa arte por todos os cantos.
Eunice Coppi participa de exposições em Museus e Centros Culturais, além de eventos presenciais e virtuais. Também ministra aulas e oficinas sobre a técnica do empapelamento. Entre em contato e se encante com sua arte!
|As imagens são do arquivo pessoal de Eunice|
CLÁUDIO LUIZ RUSSO
História de vida:
Cláudio Luiz Russo, 60 anos, é natural de Belo Horizonte-MG, nascido em 22 de março de 1963. Cláudio veio para São José dos Campos em maio de 1975, aos 12 anos, pois parte da sua família já havia vindo para São José em busca de emprego nas fábricas que aqui foram sendo instaladas. Morou inicialmente no Jardim Paulista, porém, parte da sua família, já estava em São José desde a década de 1960. Ele veio com a mãe e mais seus 10 irmãos. Sua mãe trabalhava no cartório, e seu pai ourives. A arte da ourivesaria de fabricar joias foi o que influenciou Cláudio na vida de artesão. Quando criança, ele limpava o ateliê do pai e vendia os farelos de pó de ouro para conseguir dinheiro. Mais tarde, Claudinho (como é chamado), foi tendo contato com a cultura por meio do projeto Piraquara, um projeto de projeção estética do folclore realizado inicialmente pela Comissão Municipal de Folclore e, posteriormente, pelo CECP (Centro de Estudos da Cultura Popular). Onde também recebeu influências do teatro onde já realizou diversos trabalhos como a peça “Paraíba Rio Bonito!” em 2022.
Percebemos que pela trajetória de Cláudio, o artesanato está ligado a uma prática de vida que expressa de fato uma habilidade que possui. Ele ensina o que sabe porque entende que o valor do conhecimento é maior que o de impor preço às coisas. Em sua visão, Cláudio o artesanato significa uma expressão de suas habilidades artísticas e teatrais.
A inspiração para o que cria vem de uma demanda de fora, mas também de dentro. Atualmente, Cláudio está desenvolvendo uma peça sobre o Zé Mirinha, a partir do livro de Itamara Moura “Contos e causos do Zé Mirinha” lançado em 2014. No qual Itamara solicitou a ele a criação do roteiro. Cláudio diz que conviveu muito com Zé Mira o que torna escrever o roteiro muito significativo para ele.
Aprendizagem:
No projeto Piraquara, Claudinho aprendeu a técnica do empapelamento. Lá eram realizadas oficinas para confecção de bonecões de carnaval. O projeto foi uma iniciativa do Museu do Folclore de São José dos Campos, cuja idealizadora Angela Savastano participava com frequência. Nessa ocasião Cláudio revela que foi com ela que ele colocou a mão na goma pela primeira vez e nunca mais tirou.
Sua técnica:
Por meio dos jornais e papéis em geral, Cláudio prepara argila para as máscaras, ou cria algumas estruturas com cones de jornal. Em seguida ele vai aplicando recortes com o papel de jornal realizando camadas para dar forma. Cada camada precisa estar seca para começar outra, o que exige tempo. O que faz com que muitas peças levem meses para estarem prontas. Após secar todas as camadas necessárias para dar forma aos personagens e objetos, Cláudio realiza a pintura das peças. Muitas de suas peças servem para exposição ou para compor peças teatrais as quais ele realiza. Cláudio produz a sua própria goma. Ele compra o polvilho e adiciona água para transformar a mistura em cola.
Como vende:
Cláudio trabalha por meio de projetos sociais. Atualmente ele participa de oficinas no coletivo Uai Folia, assim como mantém em sua casa um ateliê de portas abertas para a comunidade aprender enquanto ele faz. Também é responsável pelo projeto Ação Papel e Goma no qual oferta oficinas à comunidade. Participa solidariamente também de atividades na comunidade do Banhado, por meio do Ponto de Cultura Velhus Novatus. Em 2023 participou do Mês do Folclore no Museu do Folclore de São José dos Campos. Ele também, no mesmo ano, esteve presente na 9º FLIM - Festa Literomusical de São José dos Campos.