CROCHÊ

A palavra crochê deriva de crochet, que em francês significa gancho. Isso porque é uma técnica que usa como ferramenta uma agulha com um gancho em sua ponta para entrelaçar um fio que pode ser natural ou sintético. Podemos encontrar esses trançados em vestimentas, acessórios, roupas de cama, mesa e nas mais diversas decorações.

É comum que a transmissão de saberes e conhecimentos sobre essa técnica aconteça através da convivência com algum familiar ou vizinhos próximos. Muitas vezes os ensinamentos são passados de forma oral, a partir de observações das práticas e passados de geração em geração.

Aqui você encontra o contato de pessoas que dominam a técnica do crochê e produzem os mais variados objetos.

REJANE ALEIXO

Rejane Aleixo nasceu na Ilha de Itamaracá (PE) e cresceu no sertão da Paraíba. É artista popular, cria seguindo sua intuição, cumpre um papel social muito importante ao utilizar o resíduo reciclável como matéria para suas criações, trabalha com crochê utilizando materiais descartáveis como garrafas pets e anéis de latas para a criação de diversas peças como: peças de roupa em geral, trajes conceituais, quadros e decorações internas.

Rejane é conhecida por muitos moradores da cidade que a acompanham em feiras, desfiles e reportagens. Seu trabalho ganhou abrangente notoriedade na cidade a partir da exposição temporária Arte e Criatividade Popular, realizada em 2019 pelo Museu do Folclore de São José dos Campos em parceria com o Ecomuseu dos Campos de São José, e a partir da exposição, realizada um ano depois, no Parque Vicentina Aranha pela AFAC, Do Lixo ao Luxo.

Aprendizagem

Muito curiosa, observava, atenta e irrequieta, via a mãe a as tias fazendo crochê e renda de bilro. Anos mais tarde, já moça, aprendeu a arte das agulhas e aliou seu toque pessoal à tradição, colocando algo novo em cada trabalho que realizava.

Onde tudo começou

Rejane compartilhou sobre o episódio- chave que deu início às suas criações: Em 1990, houve um dia em que uma grande enchente em seu bairro levou de sua casa tudo aquilo que ela tinha. A água da chuva deixou no lugar um volume de lixo impressionante: garrafas pet, latinhas de refrigerante e cerveja, tampinhas de garrafas, embalagens e muitos outros materiais recicláveis.

Com a tragédia vivida, seu lado sonhador foi tocado e ela pensou que poderia reutilizar tudo aquilo. De acordo com ela, a visão de uma garrafa pet verde flutuando em meio às águas disparou o desejo de criar com esse material.

Assim, ela uniu o crochê, que aprendeu com a mãe, ao material descartável, surgindo seus projetos de moda, reaproveitando e unindo materiais plásticos e de alumínio, com pontos de crochê coloridos.

Lacres de latinhas viraram chapéus, colares, bolsas e vestidos. Os CDs descartados e as garrafas pets foram transformados em cortinas multicoloridas. Atualmente, Rejane mora no bairro Campos de São José com sua filha e seus pais, onde fez muitos amigos.

Processo de criação das peças:

Aliada à uma apreciação estética das peças, percebemos grande consciência e responsabilidade ambiental, ressaltando a importância ambiental de transformar e reutilizar os materiais descartáveis.

Os materiais para as peças são comprados de catadores. Rejane conta que quando os catadores chegam à sua casa vendendo os materiais, ela tem o cuidado de valorizar o trabalho deles como essencial à sociedade e de apresentar uma peça finalizada.

Rejane fala “Eu quero empoderar, eu quero inspirar outras pessoas, como eu fui tocada, eu espero tocar outras pessoas, porque gente isso é uma verdadeira diversão, e da onde é, ó, do lixo ao luxo.”